A BÍBLIA

19-10-2016 10:15

Entenda porque alguns livros não foram aceitos como parte do cânon sagrado

 

A Escritura Sagrada recebe o título de Bíblia, palavra grega que significa livro, por reunir um conjunto de livros inspirados, chamados livros canônicos.

Cânon bíblico, o que é? Cânon é uma palavra latina que significa modelo. O termo latino é derivado do grego kanon, cana, instrumento de medida usado nos tempos bíblicos no lugar do nosso metro hoje.

O cânon bíblico, portanto, é a lista de livros inspirados que formam a Bíblia, os quais dão testemunho autorizado da revelação de Deus, servindo como norma de procedimento cristão, e como critério ou régua, através dos quais se mede e julga correto e justo um pensamento ou doutrina. (II Timóteo 3: 16).

Os livros inspirados, como expressão da Palavra de Deus, que formam o cânon bíblico original, como regra de fé e prática, é 39 da Escritura hebraica do Antigo Testamento, e 27 do Novo Testamento, totalizando os 66 livros canônicos, que como verdades infalíveis e eternas, possuem autoridade final.

LIVROS NÃO INSPIRADOS

As Bíblias que contém sete livros a mais, foram extraídas da Bíblia grega, ou Septuaginta, traduzida na Bíblia hebraica para o grego no ano 250 a.C., quando então foram incluídos outros sete livros, que não faziam parte dos livros inspirados da Bíblia hebraica original, que são: Tobias, Judith, I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc.

Esses livros foram escritos em um período chamado interbíblico, entre o útimo livro do Antigo Testamento, (Malaquias) e o primeiro livro do Novo Testamento (Mateus), que relata o nascimento de Jesus. Esse intervalo chamado de: silêncio de Deus teve uma duração de aprocimadamente 400 anos. Por isso, só os 39 livros foram considerados inspirados, argumenta o historiador judeu Flávio Josefo, nascido pouco depois da morte de Cristo. Segundo Josefo, o cânon do Antigo Testamento com 39 livros, foi fechado entre 465 e 425 a.C. E no ano 90 d.C. o concílio judaico de Jamni analisou os demais sete livros, e os rejeitou.

Além dos sete livros não fazerem parte do cânon bíblico original, eles só foram considerados como inspirados pela Igreja Católica no Concílio de Trento, em 8 de abril de 1546, sendo chamados deuterocanônicos [ou canônicos de segunda época]. - Dicionário de Teologia Fundamental, pág. 124. Editora Vozes, edição de 1994. A Igreja Católica oficializou-os, objetivando deter o movimento de Reforma Protestante.

Jesus e os apóstolos só usaram os 39 livros hebraicos originais.

Jesus e os apóstolos só usaram os 39 livros hebraicos originais, pois eles citaram 1.378 vezes o Antigo Testamento, mas nenhuma só vez os sete livros. Portanto, o escritor Josefo estava certo ao afirmar: - Só temos 39 livros, os quais crermos que são divinos.

A Igreja cristã primitiva os rejeitou como inspirados e canônicos, permitindo que fossem lidos só como livros históricos.

Os Pais da igreja, tais como Atanásio, Gregório, Hilário, Rufino e Jerônimo, adotaram o cânon dos 39 livros hebraicos.

Jerônimo, que traduziu a Bíblia hebraica para o latim, entre 382 a 404 d.C. - a chamada Vulgata Latina - tornou-se um defensor do cânon restrito dos 39 livros hebraicos

Os livros não canônicos ensinam erros doutrinários e históricos conforme a exposição abaixo:

Alguns erros ensinados pelos sete livros não inspirados, que se chocam frontalmente com os 66 livros canônicos da Bíblia.

Livros canônicos ou Escritura

1 - Narração de anjo mentindo sobre sua origem. (Tobias 5:1-9)

Isaías 63:8; Oséias 4:2

2 - Diz que se deve negar o pão aos ímpios. Eclesiástico 12:4-6

Provérbios 25:21-22

3 - Uma mulher jejuando toda a sua vida. Judith 8:5-6

Mateus 4:1-2

4 - Deus dá espada para Simeão matar siquemitas, Judith 9:2

Gênesis 34:30; 49:5-7

5 - Dar esmola purifica do pecado. Tobias 12:9 e Eclesiástico 3:30

I Pedro 1:18-19

6 - Queimar fígado de peixe expulsa demônios. Tobias 6:6-8

Atos 16:18

7 - Nabucodonosor foi rei da Assíria, em Nínive. Judith 1:1

Daniel 1:1

8 - Honrar o pai traz o perdão dos pecados. Eclesiástico 3:3

I Pedro 1:18-19

9 - Ensino de magia e superstição. Tobias 2:9 e 10; 6:5-8; 11:7-16

Tiago 5:14-16

10 - Antíoco morre de três maneiras. I Macabeus 6:16; II Macabeus 1:16; 9:28

Isaías 63:8; Mateus 5:37

11 - Recomenda a oferta pelos mortos. II Macabeus 12:42-45

Eclesiastes 9:5-6

12 - Ensino do purgatório ou imortalidade da alma. Sabedoria 3:14

I João 1:7; Hebreus 9:27

13 - O suicídio é justificado e louvado. II Macabeus 14:41-46

Êxodo 20:13

 

Diante dessa declaração, não podemos dizer que esses sete livros são inspirados e canônicos, porque a Igreja Católica os declarou, pois ela própria diz que não é a igreja que os qualifica como inspirados e canônicos. E se dissermos que tais livros são inspirados pelo Espírito Santo, tendo como autor o próprio Deus, estaremos admitindo que Deus Pai e o Espírito Santo sejam autores de erros e contradições!

A prova final, que esses sete livros não são inspirados, é que seus autores nunca reclamaram inspiração para eles, e, além de Macabeus afirmar que não havia profeta em seu tempo (I Macabeus 4:46; 9:27; 14:41), ele encerrou seu livro confessando sua incapacidade para expô-lo, ao assim se desculpar: - Se minha narração está imperfeita e medíocre, é que eu não pude fazer melhor, (II Macabeus 2:24; 15:38 e 39). Jerônimo, o tradutor da Vulgata, chamou a esses sete livros de apócrifos, que significa ocultos, secretos, escondidos ou não inspirados.

Os sete livros apócrifos são apenas de valor histórico e literário. Portanto, só devemos aceitar como inspirados os 66 livros canônicos, como regras de fé e prática.